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Uma Realidade que Entristece...

Andando pelas ruas
Eu vejo algo mais do que arranha-céus
É a fome e a miséria
Dos verdadeiros Filhos de Deus

Vejo almas presas chorando em meio a dor
Dor de espírito clamando por amor

Anjos das ruas
Anjos que não podem voar
Pra fugir do abandono
E um futuro poder encontrar
Anjos das ruas
Anjos que não podem sonhar
Pois a calçada é um berço
Onde não sabem se vão acordar

Às vezes se esquecem que são Seres Humanos
Com um coração sedento pra amar

Vendendo seus corpos por poucos trocados
Sem medo da morte o relento é seu lar
Choros, rangidos, almas pra salvar
(Música Anjos das Ruas, Rosa de Saron)
Essa linda música reflete exatamente o que assisti ontem, 22/04, que me emocionou simplesmente por ver uma realidade tão triste e que não vejo as autoridades e ninguém fazer nada para que isso não aconteça... Quando você terminar de ler ou asistir essa reportagem você verá o que acontece realmente na sociedade, são Jovens sem perspectiva de vida por causa da maldita droga e, jovens que sofrem mais tem a esperança de um futuro melhor.


Sob o semáforo uma realidade nunca antes revelada. Durante quatro meses o Conexão Repórter acompanhou garotos nos faróis e descobriu o que está por trás da rotina desses meninos. Quem são os aliciadores que alimentam a indústria da esmola? Quem são os garotos que tentam ganhar a vida num piscar de cores? Nossa investigação desvendou onde moram, quem são as famílias. São histórias de vida tortuosas, infâncias esquecidas, descobertas pertubadoras.
Eles fazem parte da paisagem das grandes cidades. Caminham por entre os cruzamentos de tráfego intenso. São invisíveis aos olhos de motoristas indiferentes. Amedrontados pela violenta rotina de uma metrópole como São Paulo. São vistos sempre por este prisma. Apressados, os motoristas se eximem da culpa. Entregam moedas e se livram da imagem que tanto os incomodam. Fomos em busca da verdade ignorada por muitos. Quem são esses garotos que tentam ganhar a vida nos faróis? Transformam as ruas em uma espécie de palco. Protagonizam uma cena dividida em atos. Como sobrevivem ? O que fazem quando não estão nos cruzamentos? Vidas conturbadas, marcadas muitas vezes, pela falta de opção. Um mundo cercado de riscos, solidão e dependência. Crianças expostas, vulneráveis, usadas pelos aliciadores que alimentam a indústria da esmola. Quem alicia está mais perto do que se imagina: dentro de casa. Quem são as mães que colocam em risco a vida dos filhos em busca de dinheiro? Luta pela sobrevivência ou falta de alternativa?

Durante meses acompanhamos a rotina dessas crianças e jovens. Encontramos adolescentes sem perspectivas. Jovens entregues ao desalento e ao desamparo social, à sombra dos carros a invisibilidade de toda uma geração. Por alguns segundos, o som ensurdecedor das buzinas e motores acelerados que regem a cidade de São Paulo, se cala. E como num estalo de imaginação garotos e garotas fogem da realidade e viajam para um universo que se perdeu no tempo. Uma época onde a ingenuidade predomina. Uma  infância que eles já esqueceram. Um mundo de riscos, de solidão em que a alma de criança é quase extinta, sufocada por histórias de vida cruelmente fragmentadas.

Por causa da condição física, Wesley se destaca entre as dezenas de garotos que pedem diariamente nos faróis. Ele fatura mais que os outros meninos. O garoto consegue sensibilizar muitos motoristas endurecidos pela rotina violenta de São Paulo. O dinheiro que ele arrecada tem destino certo. Vai direto para as mãos de Babi, apontada pelos meninos que vivem na região como uma traficante. A mulher, que segundo Wesley e os colegas de rua, faz a "alegria da garotada". Maconha, cola, tinner, entre outras substâncias, fazem parte do carregamento diário comercializado por ela.

Tentamos uma aproximação. Babi, uma mulher que aparenta viver nas ruas há muitos anos, parece cansada, está deitada na calçada, mas quando chegamos perto, a mulher revela outro lado. Se mostra agressiva. Durante todo o tempo insulta nossa equipe. Nos ataca com os primeiros objetos que encontra pela frente. Ainda sai em busca de outros materiais e tenta nos atacar com um pedaço de madeira. Babi parece fora de controle. Nos afastamos, mas o alvo agora é Wesley. A traficante ameaça bater no garoto temendo que ele revele seu negócio criminoso.

No dia seguinte, encontramos Wesley no mesmo lugar. Quando questionado se não sente falta de casa, ele não se abala. E aos poucos começa a se soltar. Explica que decidiu fugir de casa porque apanhava dos pais. Depois de alguns dias conversando com a nossa equipe, ele diz que gostaria de telefonar para a família. Nós o convidamos para ir até sua casa e ele aceita com apenas uma exigência: levar presentes para os irmãos. Quando chegamos, a família nos recebe de braços abertos, mas Wesley não parece emocionado. Ele não está atraído com a ideia de voltar a morar com a família. Preocupado, ele pergunta aos irmãos se os pais ainda são violentos. Wesley se descontrola com a possibilidade de não voltar para as ruas e, diante da pressão dos pais para que ele não saia mais de casa, chora. Ele parece ter esquecido o que é um lar, uma família.

A sombra dos carros eles tentam faturar os trocados do dia. Ganhar a simpatia de motoristas, escondidos entre vidros estrategicamente escurecidos. Uns abandonam o medo, abrem o vidro e oferecem trocados. Raros oferecem um sorriso ou uma conversa. Outros retribuem a abordagem com um olhar de reprovação. O ganho mensal dessas mais de duas mil crianças chega a dois milhões de reais por mês, ou seja, em torno de vinte e cinco milhões de reais por ano. A quantia salta aos olhos dos chamados aliciadores.

Depois de cento e vinte dias acompanhando a rotina desses menores, flagramos uma suposta aliciadora em ação. Gravamos todos os passos dessa mulher e constatamos que a casa cinco minutos ela recebe uma quantia em dinheiro das mãos de uma criança. A mulher senta ao lado do farol, na avenida Nove de Julho, como se estivesse num posto de trabalho, esperando os próximos trocados que serão arrecadados pela criança que chegou com ela. A menina se arrisca entre os carros. Sai em busca de dinheiro. Para de janela em janela. Constatamos que tudo que ela arrecada vai para a bolsa da mulher que a acompanha. Cuidadosamente, a suposta aliciadora conta o dinheiro recebido e anota tudo em um papel. Com uma câmera escondida fomos atrás dessa menina para descobrirmos como ela foi parar no farol e quem é a mulher que fica com todo o dinheiro que ela arrecada.
Qual o destino dessas crianças que deixaram para trás a ingenuidade, os sonhos. O que esperar de uma vida sob os faróis em um universo à margem da sociedade? Uma rota, sem traçado definido. Alguns caminham em busca de um sinal verde, de um futuro, de uma nova chance na vida. 
"Deus, me conceda Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem para modificar aquelas que posso e a Sabedoria para reconhecer a diferença entre uma e outra." (Oração da Serenidade)


Comentários

  1. oi tudo bem?no site do sbt tem completa a reportagem?vc viu no site ou na tv?

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